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Residência médica ou pós-graduação?

Sabemos que o aumento do número de vagas nas faculdades de medicina não foi acompanhado por um aumento proporcional nas vagas de residência médica. Segundo o estudo “Demografia Médica no Brasil“, em 2010 o número de vagas de graduação era de 16.836, enquanto em 2020 era de 37.823. Um aumento de 124% contra um aumento de aproximadamente 81% em vagas de residência. Dessa maneira, houve um aumento da concorrência para o ingresso nos serviços de residência médica.

Além disso, ainda existe uma distribuição desigual das vagas de residência no país, sendo concentradas principalmente nas regiões sul e sudeste. Como alternativa, a pós-graduação vem crescendo e se difundindo cada vez mais. Fato que gera muitas dúvidas sobre qual caminho seguir.

Quais as principais diferenças entre residência médica e pós-graduação?

Ambas são especializações lato sensu, ou seja, programas voltados para o mercado de trabalho. Porém, existem algumas diferenças que devem ser consideradas:

  • Tempo

A residência médica é muito voltada para a realidade prática da especialidade, por isso o residente passa bastante tempo no hospital. Por lei, esse tempo é de até 60h semanais. Mas, sabemos que em alguns lugares isso é facilmente ultrapassado.

Alguns serviços têm um viés um pouco mais acadêmico, e têm em sua grade uma maior carga horária de aulas teóricas, que podem ser ministradas pelos preceptores ou pelos próprios residentes, além da discussão de casos clínicos.

Por outro lado, os cursos de pós-graduação podem contar sim com aulas práticas e com a realização de procedimentos. Mas, também existem pós-graduações com um viés puramente teórico e com uma carga horária mais baixa.

Segundo o CFM, os cursos de pós-graduação médica devem ter no mínimo 360 horas. Enquanto dos programas de residência, são exigidas entre 2.800 a 3.200 horas anuais, com no mínimo 2 anos de formação.

  • Custo

Em geral, o residente tem direito a receber uma bolsa, como auxílio à permanência no programa. Atualmente, o valor é de R$ 4.106,09 sem os descontos. Ao contrário da pós-graduação tradicional, que normalmente é paga.

Entretanto, se você optar pela pós-graduação, mesmo sendo paga, terá mais disponibilidade de tempo para trabalhar e pegar aquele plantão que salva no final do mês. E normalmente, os horários da pós-graduação são mais flexíveis do que os da residência, o que pode até torná-la mais vantajosa financeiramente.

  • Título

E o RQE (Registro de Qualificação de Especialista)?

Existem algumas formas de ser considerado um médico especialista. A mais comum e rápida é a Residência Médica que, salvo algumas exceções, como a cirurgia plástica, já garante automaticamente o título de especialista.

Porém, também é possível conseguir o título de especialista com uma pós-graduação tradicional. Só que para isso o CRM e a AMB exigem um tempo mínimo de atividade profissional, além da prova de título junto à sociedade da especialidade desejada. O que costuma demandar mais tempo do que a própria residência. Algumas sociedades pedem que o residente também faça a prova de título para obter o RQE, como a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Qual é a melhor opção, residência ou pós-graduação?

A melhor opção depende do seu objetivo profissional, do tempo que você está disposto a gastar, das suas condições financeiras e de outros fatores pessoais que são importantes para você. Alguns pontos a serem levados em consideração:

Reputação da pós-graduação

Enquanto, de maneira geral, os programas de residência médica são mais bem estruturados, ainda existe muita heterogeneidade entre os cursos de pós-graduação. Assim, ao mesmo tempo existem serviços muito sólidos e com excelente reputação, e serviços de baixa qualidade. Portanto, caso sua opção seja por uma pós-graduação, é fundamental pesquisar bastante sobre a reputação dos locais de seu interesse. Também é importante checar se a especialização é reconhecida pelo MEC ou pela CNRM (Comissão Nacional de Residência Médica).

Local em que deseja atuar

Cidades menores tendem a ter uma maior abertura para quem opta pela pós-graduação, já que a concorrência é menor e a necessidade de profissionais é grande. Por outro lado, nos grandes centros a concorrência é maior e, assim, pode ser preferível ter uma residência médica para se inserir no mercado de trabalho.

Tipo de carreira

Para quem almeja uma carreira acadêmica, a residência médica pode ser mais interessante. Já quem deseja trabalhar na assistência ou na gestão, pode optar por ambas.

Momento de vida

Qual o seu momento de vida? Qual a sua disponibilidade para plantões noturnos e coberturas de fim de semana? Como está sua situação financeira? É preciso lembrar que um programa de residência demanda bastante tempo e dedicação. Assim, a depender do seu momento, pode ser preferível optar por uma pós-graduação.

Fatores pessoais

Se o seu sonho é fazer residência ou pós em um determinado serviço, isso também precisa ser levado em consideração.

Portanto, na hora de escolher entre uma residência médica ou uma pós-graduação, fica claro que não há como recorrer a respostas prontas. O jeito é analisar bem as opções disponíveis para escolher o que faz mais sentido pra você.

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